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This is me… This stone is mine, and this land too My home is my home And the roof has become higher in the sky
– Noel Kharman, “Hatha Ana”

Diante do genocídio palestino que ainda vem ocorrendo, ao qual desejamos que um cessar-fogo ocorra de imediato, a última edição do Eurovision se tornou a mais polêmica da história, desde a participação de Israel à participação de palestinos e descendentes de palestinos nas seletivas nacionais (Bashar Murad) e nos atos do show (Eric Saade). É importante ratificar que o Kolibli se solidariza com a luta palestina por autodeterminação.

Como site musical, criamos essa lista com 10 artistas palestinos que cantam em variados estilos sobre diversos temas, incluindo a luta do seu povo em busca da sua terra e do seu direito de viver.

Bashar Murad

Dos 10, a figura mais conhecida para os eurofãs. O primeiro contato com o nosso universo ocorreu em 2019 graças ao Hatari que, no final da edição daquele ano, sediada em Tel Aviv, mostrou seu apoio à causa palestina em rede mundial. Na semana após o ocorrido, o trio lançou “KLEFI / SAMED” em parceria com Murad. A letra, que ressalta a resistência de Bashar como palestino, está disponível nas legendas o próprio vídeo.

“After all this torture
I am steadfast and won’t bow down”

A parceria entre os artistas não parou por aí. O palestino foi convidado para vários concertos do trio pela Islândia e, no trabalho conjunto mais recente, trabalharam juntos na participação de Murad na última edição do Söngvakeppnin, seletiva nacional da Islândia, com a canção “Wild West”.

Apesar de ser o grande favorito da seletiva e ter ganhado com folga as votações da semininal e a primeira rodada na final, ele não conseguiu vencer Hera Björk na votação da superfinal.

No entanto, a história de Bashar vai além do Eurovision. Nascido na Jerusalém Oriental, Murad é filho de Said Murad, fundador de um dos grupos musicais mais importantes da história da Palestina, o Sabreen. Hoje, Sabreen não é só um grupo musical, mas também uma organização destinada a dar voz a artistas palestinos emergentes, a Sabreen Productions.

Murad também é conhecido por ser abertamente gay, e suas músicas também tratam de homofobia e a luta de ser queer no mundo árabe. Desde o início da sua carreira, ele lançou dois EPs e diversos singles.

Indicamos: Maskhara

Lina Makoul

Lina Makoul começou a se destacar ao vencer a segunda temporada do The Voice Israel (e ter sido a primeira árabe-israelense a conseguir tal feito) e abrir shows de artistas populares como Queen e Little Mix. Sua carreira mudou de direção com o lançamento do seu álbum de estreia, “#YOM”. Esse projeto contou com a colaboração de adolescentes palestinos, que escreveram todas as letras das faixas. Desde então, ela aborda muito sua identidade palestina em suas canções.

Indicamos: Fish Masari

Yusor Hamed

Uma das artistas que mais vêm se destacando recentemente, ela mistura sons mais tradicionais com electronica europeia, se tornando um nome da música experimental palestina. Ela se inspira no grupo palestino de hip hop DAM e teve oportunidade de lançar uma parceria com a vocalista do grupo, Maysa Daw.

Indicamos: TUFFAH 

Ghazall

Indo além do pop, Ghazall é uma banda de indie rock que também brinca com outros gêneros, incluindo reggae.

Indicamos: Ein Ashams 

Ruba Shamshoum

Nascida em Nazaré, hoje mora em Londres e é uma artista de jazz. Ela aborda temas como vulnerabilidade e conexão com si, mas sem deixar de mencionar temas políticos e históricos.

Indicamos: Winti Hon

Noel Kharman

Kharman tem uma discografia de estilos variados e uma das melhores videografias dentre artistas palestinas. Seus últimos singles abordam cada vez mais a relação com sua terra.

Indicamos: Hatha Ana

Shabjdeed

Nem só de pop vive a indústria musical, e na Palestina não é diferente. Shabjdeed, nome artístico de Abu Othaina, é um dos nomes emergentes do cenário underground do rap palestino. Ele é também um dos principais artistas da BLTNM, gravadora independente da Palestina.

Indicamos: Tal Abib

Rasha Nahas

Misturando rock e jazz, Nahas retrata sua relação com o lar, liberdade e língua materna nas suas faixas. Para quem gosta de um acústico, ela também gosta de investir nesse estilo!

Indicamos: Toyour 

Elyanna

Possivelmente a artista mais conhecida da lista, Elyanna faz com maestria a mescla das suas origens palestinas com suas origens chilenas.

Indicamos: AL SHAM

Ministry of Dub-Key

O Ministry of Dub-Key é composto por Bruno Cruz e Walaa Sbait. Além da fusão de gêneros, eles buscam enaltecer o Dabke. O ouvinte se sente imerso numa noite de festa na Palestina, e desejamos que os Palestinos voltem a celebrar em paz o mais rápido possível.

Indicamos: TOBA 

Compilamos todas as faixas nesta playlist:

Com esse post, nós, do Kolibli, aproveitamos para deixar alguns links importantes:

O Decolonize Palestine é um site que compila informações (em inglês) sobre a luta e a busca pela autodeterminação do povo palestino. Nele é possível encontrar indicações de obras sobre a palestina e desconstruções de mitos sobre a nação. Para quem prefira ler em português, a Editora Tabla é responsável por traduzir e publicar obras do mundo árabe no Brasil.

É importante também doar para organizações que ajudem a resistência palestina. A UNRWA é uma agência que dá apoio aos refugiados da Palestina. Para continuar seu trabalho, ela depende de doações. Você pode dar sua contribuição aqui e ajudar o povo palestino. Além disso, há essa lista com mais organizações para auxiliar. O PCRF vem sendo uma das organizações que mais recebeu apoio de celebridades nos últimos dias, mas toda ajuda para as crianças de Gaza será bem-vinda.

Por fim, há várias maneiras de dar suporte ao povo palestino, mas pesquisem com atenção na hora de doar e priorizem negócios palestinos. Muitas lojas começaram a vender roupas e keffiyeh alegando que todo o lucro será destinado à causa, mas não se sabe se é verídico ou não. Caso tenham interesse de ter a própria keffiyeh, comprem da loja original! A Hirbawi vende vários modelos e sua fábrica fica localizada na Palestina. Fiquem de olho nas redes sociais deles para saber em primeira mão quando os produtos estarão em estoque novamente.

O mundo nunca será livre enquanto ainda existir vítimas da colonização e do imperialismo.

 


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Sobre o autor

Ana Raquel

Cearense em Lisboa, jornalista e tradutora. Fã de quase qualquer coisa com mais de 150 bpm e o terror do homem indie triste. Estuda música na Ásia e indica farofas turcomenas.
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