A retrospectiva 2019 do Kolibli deixa a lista de piores músicas para trás e agora foca em algo pior do que isso: o conjunto delas! Aqui estão as nossas menções desonrosas e os 10 piores álbuns do ano com comentários.
Menções desonrosas
“Love + Fear” — Marina
“Про любовь” — Anna Sedokova
“Only Love, L” — Lena
“Pyramide” — M. Pokora
10. “Reconstrução” — Tiago Iorc
Após “Desconstrução”, faixa que abre o álbum surpresa de Tiago Iorc e repagina um dos clássicos de Chico Buarque, o projeto entra uma irritante inércia, principalmente do ponto de vista da produção. É um projeto do gênero “cantor-compositor” que não fede, não cheira e no máximo me deixa com um sorrisinho meio amarelo (como na faixa “Tangerina”).
9. “Happiness Begins” — Jonas Brothers
“Happiness Begins”, primeiro álbum dos Jonas Brothers em nove anos, sepulta a energia que já foi vista em canções como “SOS” ou “Burning Up”, e as substitui por um pop rock pálido que nem Magic ou Maroon 5 se atreveriam a fazer atualmente. Quando não te entedia com “Sucker”, “Happiness Begins” te faz pensar “ei, já ouvi isso em algum lugar” como na Aviici-esque “Rollercoaster”.
8. “Shadow Works” — Kerli
É inegável que a cantora estoniana Kerli é talentosa e tem uma estética própria bem defenida, mas “Shadow Works” não fez jus a todos os anos de hiato dela. O álbum é uma experiência pouco inspirada de electropop (com toques de future bass) que soa enfadonho e repetitivo.
7. “The Big Day” — Chance the Rapper
Não há nada de errado em estar tranquilo consigo mesmo e animado por conta de seu casamento, mas Chance extrapolou o limite do bom senso com o genérico álbum “The Big Day”. Esqueça a qualidade do refinado “Acid Rap”; ou melhor, o relembre, já que é melhor revisitar este projeto bem sucedido do que investir em uma odisseia de mais de uma hora de pop rap vazio.
6. “Head above water” — Avril Lavigne
Após batalhar por anos contra a doença de Lyme, Avril Lavigne lança o álbum “Head Above Water”, que capitaliza pobremente as angústias e sofrimentos da cantora nesse período. Até gostamos de “Dumb Blonde”, faixa bem alinhada com o som tradicional da cantora, mas o que ela faz em um projeto desses? Quando não soam fora da vibe do álbum, as canções de “Head above Water” ficam no limite do medíocre ou do esquecível.
5. “Hurts 2B Human” — Pink
Não sabemos se a culpa é nossa ao assinalarmos que o pop puro do álbum “The Truth About Love” (2013) era bom, já que a Pink seguiu nesse modelo de forma desinteressante com o álbum seguinte, “Beautiful Trauma”, e agora empurrou a vaca de vez para o brejo com “Hurts 2B Human”. Feito pela dona de vários hits memoráveis e conhecida pelo som ligado ao pop rock, “Hurts 2B Human” é um abandono total de Pink a qualquer sinal de personalidade ou singularidade.
4. “TEMNIKOVA 4” — Elena Temnikova
A cantora russa Elena Temnikova tem uma voz muito suave, quase unilateral — e vocais com essa característica exigem mais do intérprete em relação à produção de uma música pop do que o normal. No ótimo álbum “Temnikova 3”, a sensação que ficou foi de que a cantora já teria esgotado, de uma vez por todas, as suas possibilidades criativas. Projeção feita, resultado condizente: o quarto álbum de Elena Temnikova, com a duração e tamanho próximos ao de um EP, é uma entediante viagem entre o pop e o trap que estraga a série de bons lançamentos da cantora.
3. “In My Defense” — Iggy Azalea
De gravadora nova e som mais distante do pop rap, não haviam razões para que o segundo álbum da rapper australiana Iggy Azalea fosse, ao menos, recebido com curiosidade. Mas como fala o ditado popular, a curiosidade mata o gato — e aqui foi o caso de quem ouviu. “In My Defense” é um looping infinito de imagens e situações que só acontecem com uma pessoa que fantasia a ideia de ser rapper, mas não consegue colocar algo realmente autêntico em prática. A bem da verdade, o maior investimento artístico desse projeto ficou por conta dos videoclipes super produzidos utilizados para promover os singles.
2. “Symptoms” — Ashley Tisdale
Embora as intenções tenham sido ótimas, a execução final de “Symptoms”, álbum que marca o fim do hiato de 10 anos da cantora pop Ashley Tisdale, é uma decepção completa. Assim como no item anterior sobre Avril Lavigne, a cantora tentou colocar em pauta problemas que a impediram de fazer música (com ela, a depressão e o transtorno de ansiedade), mas o que recebemos soa como um álbum comum que geralmente vira a perfeita trilha-sonora de loja de roupas, apresentando sonoridade agradável, nada ofensiva, mas pouca personalidade em produção e performance vocal.
1.“LP1” — Liam Payne
Assim como Iggy Azalea e o álbum “In My Defense”, Liam Payne apresentou um debut digno de questionar se o cantor realmente curte o que faz — até portando-se como se a ideia de ser um artista pop fosse apenas uma fantasia ou um mero emprego de luxo. Entre os ex-integrantes do One Direction, Liam é claramente o que mais tem dificuldades em encontrar um som próprio, mas “LP1” tem um diagnóstico ainda pior: é um conjunto de músicas que falam nada com nada para um público que também não sabemos qual é.
Surfando em tendências como em “Stack It Up” ou “All i want for Christmas”, Liam Payne canta e escreve como qualquer outro cantor, e o resultado é um projeto que dá a impressão ao ouvinte de que ele apenas reuniu qualquer coisa gravada nesse meio tempo de indecisões desde o fim do One Direction.