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Em plena final de Eurovision, que ocorreu na tarde do último sábado (14), a EBU (União de Radiodifusão Europeia), responsável pelo evento, publicou uma nota contando que seis países (Azerbaijão, Geórgia, Montenegro, Polônia, Romênia e San Marino) tiveram as suas pontuações de júri removidas e trocadas por um ranking automático (como prevê o regulamento). O motivo: “padrões irregulares de votação” detectados na segunda semifinal do festival.

Na quinta seguinte (19). a organização revelou com detalhes o que aconteceu e deu nome aos bois. Vale destacar que, para a sorte do evento como um todo, tanto a votação problemática como a que de fato foi utilizada tiveram resultados parecidos e não iriam alterar os 10 classificados naquele dia e o país vencedor do Eurovision (o que não diminui o mal-estar causado entre a EBU e as emissoras envolvidas).

Durante a apresentação dos votos dos jurados para a final do evento (assista abaixo), três emissoras tiveram “problemas de conexão” e não praticaram o tradicional anúncio dos “12 pontos”, fazendo com que o diretor executivo da EBU, Martin Österdahl, os anunciasse. A situação aconteceu justamente com alguns dos países envolvidos no escândalo (Azerbaijão, Romênia e San Marino) e não passou despercebida pelas emissoras, que tiveram outras explicações (como a Romênia, que alegou ter se recusado a anunciar os pontos automaticamente gerados).

Com a tradução livre do comunicado publicado pela EBU, foi observado que, na segunda semifinal, quatro de seis júris colocaram cinco do “grupinho” em seu top 5 (levando em consideração que eles não podem votar em suas próprias nações); um júri votou pelos mesmos cinco países em seu top 6; e o último dos júris colocou quatro destes países em seu top 4 e o quinto em seu top 7. Quatro dos seis países deste “grupinho” receberam ao menos um “12 pontos”, que é o máximo que pode ser distribuído. Confuso? A EBU liberou os rankings de cada país e aí você poderá ver com mais clareza os tais “padrões irregulares”.

Aos iniciantes em Eurovision: como 50% do festival é decidido por jurados, cada país pode montar um corpo de até cinco pessoas que sejam ligadas à música e ao entretenimento. Cada jurado faz um ranking com todas as canções e, a partir de uma média feita com estes resultados, são atribuídos pontos aos 10 primeiros de acordo com a sua posição.

Votações irregulares (créditos das imagens: EBU)

Azerbaijão: cinco dos países do “grupinho” aparecem no top 5 dos jurados; pontuação máxima para a Polônia.

Geórgia: cinco dos países do “grupinho” aparecem no top 5 dos jurados; pontuação máxima para o Azerbaijão.

Montenegro: quatro dos países do “grupinho” aparecem no top 5 dos jurados, um no top 6; pontuação máxima para a Geórgia.

Polônia: quatro dos países do “grupinho” aparecem no top 4 dos jurados, um no top 7; pontuação máxima para San Marino.

Romênia: cinco dos países do “grupinho” aparecem no top 5 dos jurados; pontuação máxima para San Marino.

San Marino: cinco dos países do “grupinho” aparecem no top 5 dos jurados; pontuação máxima para Romênia.

Perceberam as semelhanças? O Pan-European Voting Partner da EBU detectou e julgou como irregulares as pontuações atribuídas pelos júris e a decisão foi reconhecida por uma equipe de monitoramento independente. No lugar destes votos, como previsto pelo regulamento, a EBU atribuiu pontos de acordo com um ranking que leva em consideração países com histórico próximo aos destes que foram removidos. Por exemplo: países X e Y têm afinidade de gostos com a Romênia, então os votos deles foram agregados e utilizados.

Reações dos países envolvidos

Todas as emissoras dos países do tal “grupinho” se posicionaram em relação ao ocorrido. Dentre as seis, a mais irritada com a situação foi a TVR da Romênia. Em nota, a estação negou a irregularidade e apontou outros países com padrões parecidos que passaram ilesos (como Austrália, Bélgica e Suécia). Também revelou ter sofrido um dano à imagem que a faz pensar em abandonar o Eurovision – posição apoiada pelo CEO da TVR, Dan Cristian Turturică. Veja como responderam os outros países:

  • Azerbaijão: a emissora İctimai enviou uma carta para a EBU contestando o ocorrido e pedindo explicações. De acordo com a empresa, o país não teve problemas de conexão durante a final do Eurovision, mas sim uma proposital recusa a ter que anunciar pontuações atribuídas por outras pessoas;
  • Geórgia: a emissora GPB disse ter protestado contra a alteração de pontuações feita pela EBU (e como deveriam ter dado os 12 pontos para a Ucrânia, não o Reino Unido) e afirmou ter nenhum interesse por parte do país em manipular votos já que seus representantes nem foram para a final.
  • Montenegro: a emissora RTGC negou a manipulação de votos e apontou países com padrões parecidos que passaram despercebidos (Bélgica, Estônia e Suécia). Por fim, afirmou que “com um número tão pequeno de participantes na competição, é impossível evitar certas repetições”;
  • Polônia: a emissora Telewizja Polska negou as acusações e afirmou que os seus jurados votaram “apenas de acordo os seus sentimentos e critérios”;
  • San Marino: a emissora RTV disse acreditar na EBU como instituição e que se reporta apenas a ela, mas avaliou que a situação foi lidada de forma um pouco “autoritária”. A RTV também questionou o motivo das mudanças nas pontuações, que foram atribuídas a países que eles não queriam, e defenderam os jurados dizendo que “nada os faz pensar que eles votaram para algo que não gostam”.

Informações em parceria com Eurovoix e Wiwibloggs.


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Sobre o autor

Matheus Rodrigues

Jornalista formado em 2023 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Apaixonado por música, culturas diferentes, futebol e Coca Zero. Obcecado por Eurovision e pop do leste europeu. Torcedor do imenso Sport Club Internacional.
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