Por conta da guerra que está perto de chegar ao seu quinto mês, a EBU (União Europeia de Radiodifusão) lançou nota nesta sexta-feira (17) sinalizando o fim das negociações com as autoridades ucranianas para que o país seja sede do Eurovision 2023. No comunicado (leia na íntegra em inglês), a EBU afirmou que “é com grande pesar” que tomou esta decisão a partir de estudos de viabilidade feitos com a Suspilne (emissora responsável pelos assuntos sobre o festival na Ucrânia) e especialistas de outros locais. A organização também pontua que o Eurovision é “uma das produções televisivas mais complexas” do mundo e que conta com milhares de pessoas trabalhando (ou participando) do evento, necessitando assim “12 meses de preparação”.
No final do texto, a EBU confirma que iniciará conversas com a BBC (emissora responsável pelos assuntos sobre o Eurovision no Reino Unido) para que recebam o festival em solo britânico. A organização cita o fato do país ter sido o vice-campeão do festival como motivo para a escolha, mas portais já indicavam rumores sobre uma possível transferência de sede para Glasgow, na Escócia. Vale lembrar que,, em uma situação como essa, se esperava que o Reino Unido assumisse a responsabilidade por conta do resultado expressivo em 2022 e por fazer parte do Big 5, o clube dos países que mais contribuem financeiramente com o Eurovision.
Os ucranianos não reagiram bem
Apesar da dificuldade inédita que é sediar um evento como o Eurovision em meio a uma guerra, as autoridades ucranianas seguiram confiantes e expressaram decepção com o comunicado da EBU. A Suspilne divulgou uma nota colocando sua posição contrária à decisão da organização e pediu por mais negociações.
“Nós estamos muito decepcionados com essa decisão da EBU. Durante este mês, um número grande de pessoas na Ucrânia deu tudo de si para cumprir com as condições para sediar o Eurovision em nosso país. Segurança, claro, acima de tudo. O time da Suspilne, Estado e autoridades locais fizeram um minucioso trabalho e ofereceram diferentes opções. É uma pena ver um comunicado tão inapelável, então pedimos a nossos parceiros para que sejam feitas mais conversas”, disse Mykola Chernotytskyi, diretor executivo da Suspilne.
O ministro da Cultura da Ucrânia também não gostou da situação. Em nota publicada em uma rede social, Oleksandr Tkachenko deixou claro que a Ucrânia não concorda com uma decisão “desta natureza” e acredita que o país “tem todas as razões” para manter negociações e encontrar uma solução conjunta que satisfaça os dois lados. “Vencemos honestamente o Eurovision e cumprimos com as condições pedidas dentro dos prazos para o processo de sediar o evento na Ucrânia”, afirmou Tkachenko.
Reino Unido: a corrida para a escolha de cidade-sede foi iniciada
A BBC publicou uma nota curta e grossa lamentando as circunstâncias, mas que está pronta para conversar com a EBU sobre o Eurovision 2023. Com mais animação, políticos e governantes do Reino Unido demonstraram interesse em receber o festival. De acordo com o site Eurovoix, estas cidades devem entrar na disputa para sediar o evento (e a lista pode aumentar):
- Brighton, Inglaterra;
- Leeds, Inglaterra;
- Liverpool, Inglaterra;
- Londres, Inglaterra;
- Manchester, Inglaterra;
- Glasgow, Escócia.
Com cinco vitórias no Eurovision, o Reino Unido é um dos países mais tradicionais da competição (apesar do histórico recente, que em geral é muito fraco). É a nação que mais recebeu o festival, sendo sede em oito ocasiões (e agora podendo ir para a nona). No Eurovision 2022, Sam Ryder obteve a segunda posição com a música “Space Man”, o melhor resultado do país no Século 21.
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