Sabe quando uma prima ou tia larga aquele relacionamento desgastante e resolve extravasar? Imaginem também uma releitura musical do meme “She’s so crazyyyy” (Ela é tão maluquinha), mas sem o teor negativo implícito. É a sensação que “Krasivo”, último álbum da cantora pop ucraniana Tina Karol, passa ao ouvinte mesmo que as impressões estejam erradas.
O rosto de Tina Karol é familiar para muitos fãs de Eurovision: em 2006, apenas seu segundo ano de carreira, a cantora venceu a final nacional ucraniana e ganhou o direito de representar o país com a música “Show Me Your Love”. Tina obteve um bom escore no festival e terminou em sétimo lugar naquela edição. Desde então, a cantora construiu uma carreira sólida no Leste Europeu, mas sem aventuras estéticas muito grandes. As escolhas artísticas dela lembram um pouco a colega russa Polina Gagarina: um som pop, mas com um tom mais comparável ao “adulto contemporâneo”, que envolve uma roupagem mais sóbria e um foco nas grandes baladas.
Em “Krasivo”, ela toma um rumo mais alinhado ao que ouviríamos de uma artista como Loboda, mas de uma forma bem pessoal e menos dramática. As tradicionais nostalgias com pitadas de deep house que o pop russo oferece estão presentes aqui, mas ela incrementa com mais sons eletrônicos, como a house dos anos 90, hi-hats e até um pouco de synthwave. O conterrâneo Ivan Dorn e as suas incursões eletrônicas nos anos 10 também parecem se fazer presentes nas inspirações por trás do álbum.
Escrito em apenas um mês e meio, “Krasivo” é tão curto quanto o período de criação: tem sete músicas e 21 minutos de duração total. Entretanto, não pense que o projeto falha ao propiciar uma narrativa coesa, já que ele entrega o início, meio e o fim de uma história de amor em crise. As coisas começam, de certa forma, românticas na abertura “Eto Lyubov”, que é recheada com vocais virtuosos de Tina Karol, mas a arrojada “Horoshiy Paren” torna as coisas mais estranhas (“Seja veneno! Que bom rapaz; como um bêbado; ele abraçou uma rosa com espinhos; a rosa queria ama-lo; mas a essência dessa ameaça é quebrar os espinhos no corpo”).
Em “Skandal”, a ucraniana esquece as metáforas rebuscadas e fala um português (ou melhor, um russo) bem direto. “Quem mandou você me ligar? Isso é um escândalo absoluto!”, esbraveja Tina no refrão da música, que foi merecidamente escolhida como primeiro single. A história de altos e baixos culmina na última música, “Begu”, onde ela afirma que é hora de recomeçar do zero.
Além de ser extremamente sucinto, o maior acerto de Tina Karol em “Krasivo” é soar inédita e ousada tanto para os fãs quanto para os consumidores de pop russo, tornando ele um dos candidatos a álbum do ano.
“Krasivo” – Tina Karol
País: Ucrânia
Idioma: russo
Melhores músicas: “Skandal”, “Horoshiy Paren”, “Krasivo”
Para quem gosta de: pop russo, pop ucraniano, pop nostálgico
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