Finalizando a nossa série de postagens que recapitulam o que de melhor e pior aconteceu no ano passado, o 2019 in Review traz os 40 melhores discos lançados nesse período. A lista conta com projetos originados de quatro continentes, gravados por artistas de diversos países e em múltiplos idiomas. Aqui estão as nossas menções honrosas e os 40 melhores álbuns de 2019 com comentários no top 10:
PS: Nomes em alfabetos não-latinos serão transliterados para o utilizado na língua portuguesa e colocados em itálico
Menções honrosas
“Planeta Fome”, Elza Soares (Brasil)
“uknowhatimsayin¿” — Danny Brown (Estados Unidos)
“Todos os Cantos, Vol. 1” — Marília Mendonça (Brasil)
“Girl With Basket of Fruit” — Xiu Xiu (Estados Unidos)
“Wasteland Baby” — Hozier (Estados Unidos)
“Brol La Suite” — Angèle (França)
“Ores Aixmis” — Malou (Grécia)
Top 40
40. “Ben Haana Wa Maana” — DAM (Palestina)
Comece ouvindo: “Emta Njawzak Yamma”
39. “Tem conserto” — Clarice Falcão (Brasil)
Comece ouvindo: “Dia D”
38. “ Мужа дома нету” / Muzha Doma Nyetu — Zventa Sventana (Rússia)
Comece ouvindo: “Muzha Doma Nyetu”
37. “Legacy! Legacy!” — Jamila Woods (Estados Unidos). Comece ouvindo: “ZORA”.
36. “Про меня”/ Pro Menya — Antoxa MC (Rússia)
Comece ouvindo: “Babki”
35. “Zemnoy” / Земной — Artem Pivovarov (Ucrânia)
Comece ouvindo: “Karma”
34. “Rito de passá” — MC Tha (Brasil)
Comece ouvindo: “Clima quente”
33. “Titanic Rising” — Weyes Blood (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “Everyday”
32. “Abaixo de Zero: Hello Hell” — Black Alien (Brasil)
Comece ouvindo: “Área 51”
31. “Paraxena Demenoi” — Giorgos Sampanis (Grécia)
Comece ouvindo: “M’ ena Sou Vlema”
30. “Margem” — Adriana Calcanhotto (Brasil)
Comece ouvindo: “Lá lá lá”
29. “There Existed An Addiction To Blood” — clipping. (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “Blood of the Fang”
28. “Part 1 Everything Not Saved Will Be Lost” — Foals (Reino Unido)
Comece ouvindo: “Exits”
27. “Dedicated” — Carly Rae Jepsen (Canadá)
Comece ouvindo: “Now that i Found You”
26. “Still on My Mind” — Dido (Canadá)
Comece ouvindo: “Hell after this”
25. “No Geography” — The Chemical Brothers (Reino Unido)
Comece ouvindo: “We’ve got to try”
24. “Oh Long Johnson” — Miss Caffeina (Espanha)
Comece ouvindo: “Oh Long Johnson”
23. “Madame X” — Madonna (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “God Control”
22. “IGOR” — Tyler, The Creator (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “EARFQUAKE”
21. “When i get Home” — Solange (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “Way to the show”
20. “All Mirrors” — Angel Olsen (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “Lark”
19. “Pang” — Caroline Polachek (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “So hot you’re hurting my feelings”
18.“Norman Fucking Rockwell” — Lana Del Rey (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “Doin’ Time”
17. “La Onda de Juan Pablo” — Juan Wauters (Uruguai)
Comece ouvindo: “Guapa”
16. “When we all fall asleep, where do we go?” — Billie Eilish (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “bad guy”
15. “Алиби” / Alibi— Lesha Svik (Rússia)
Comece ouvindo: “Tansuy Poka Molodoy”
14. “OASIS” — J Balvin & Bad Bunny (Colômbia/Porto Rico)
Comece ouvindo: “MOJAITA”
13. “GINGER” — Brockhampton (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “I BEEN BORN AGAIN”
12. “thank u, next” — Ariana Grande (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “break up with your boyfriend, i’m bored”
11. “Mal dos Trópicos (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação)” — Thiago Pethit (Brasil)
Comece ouvindo: “Noite vazia”
Top 10
10. “Cuz i love you” (Deluxe) — Lizzo (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “Truth Hurts”
Em um mundo de belezas padronizadas nas redes sociais, o surgimento de Lizzo no mainstream acabou se tornando uma necessidade — e o sucesso dela, previsível. A cantora faz questão de gritar (e ela realmente exagera nos vocais) aos quatro cantos que se sente bem consigo mesma, mas também se destaca por ter atitude e criatividade para misturar r&b e rap de um jeito que é inconfundivelmente dela.
9. “Turn off the light” — Kim Petras (Alemanha)
Comece escutando: “Close your Eyes”
Músicas e álbuns temáticos de Natal são produtos completamente comuns no mercado fonográfico, mas quem cuida de datas especiais como o Halloween? Pensando em preencher essa lacuna, Kim Petras lança o álbum “Turn off the light”, apanhado de canções que gira em torno de uma atmosfera macabra, contando com uma produção que o torna acessível e essencial até em ocasiões fora do Dia das Bruxas.
8. “Vinyl #1” — Zivert (Rússia)
Comece ouvindo: “Beverly Hills”
O debut álbum da cantora russa Zivert, em muitos momentos, não parece pertencer ao ano de 2019, já que a estética relacionada ao projeto mimetiza muito bem o que foi feito nos anos 80 e 90, dosando com habilidade a dance music daquela época com a nossa. “Vinyl #1” é uma boa pedida aos amantes do pop feito no Leste Europeu e aos que procuram conhecer o estilo melhor.
7. “The Lion King: The Gift” — Beyoncé e convidados (Estados Unidos/África do Sul/Nigéria)
Comece ouvindo: “BROWN SKIN GIRL”
Inspirada pela sua participação no remake da animação Rei Leão, Beyoncé lança a trilha sonora alternativa “The Gift”, que funciona como um álbum conceitual que utiliza os temas e trechos do longa para contar novas histórias. Mesmo que algumas dessas letras sejam ligadas à vida pessoal da cantora estadunidense, Beyoncé fez um ótimo trabalho ao convidar produtores e grandes artistas da música popular africana para um projeto que serve como um cartão de visitas a todos que buscam entender melhor o que se ouve no continente.
6. “Father of the Bride” — Vampire Weekend (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “Harmony Hall”
Ainda que seja uma salada de frutas, “Father of the Bride” é um álbum que segue o bom nível dos trabalhos anteriores do grupo de indie pop Vampire Weekend. Os vocais de Ezra Koening agora dão cor a certos experimentalismos, como na faixa “Sunflower”, mas também apresentam algumas referências clássicas que remetem até mesmo aos Rolling Stones, como no primeiro single “Harmony Hall”.
5. “7” — Max Barskih (Ucrânia)
Comece ouvindo: “Nezemnaya”
Com apenas sete faixas, Max Barskih deixa em “7” a certeza de que nele só entraram as músicas que realmente eram “bangers”. O quinto álbum do cantor ucraniano flerta entre o saudosismo de “Nezemnaya” e a contemporaneidade de “Vspominat”, destacando Barskih como um dos melhores artistas pop da atualidade.
4. “HOMECOMING: The Live Album” — Beyoncé
Comece ouvindo: “Top Off”
Gravado em 2018 no festival Coachella, onde Beyoncé fez história ao se tornar a primeira headliner negra, “Homecoming” é um álbum ao vivo praticamente perfeito. A cantora revisitou com maestria toda a sua discografia, fazendo uma colagem de hits e pérolas esquecidas para contar histórias e ressignificar outras, construindo um poderoso trabalho que discute feminismo, negritude e empoderamento.
3. “MAGDALENE” — FKA Twigs (Estados Unidos)
Comece ouvindo: “Cellophane”
Ao unir Skrillex e Arca na produção da faixa influenciada pelo trap “Holy Terrain”, ficou claro que “Magdalene” não é um álbum comum sobre corações partidos e decepções amorosas, mesmo que os sentimentos sejam. FKA Twigs escolheu trilhar os caminhos menos previsíveis e mais ambiciosos, como no flerte com o “Yeezus” de Kanye West na faixa “fallen alien” ou nos poderosos vocais da última música,“Cellophane”, resultando no que é um dos álbuns mais sinceros e emocionalmente intensos de 2019.
2. “Так закалялась сталь” / Tak Zakalyalas’ Stal — Shortparis (Rússia)
Comece ouvindo: “Strazhno”
O cenário bizarro promovido pela darkwave do grupo Shortparis no álbum “Так закалялась сталь” é uma das imagens artísticas mais impactantes de 2019. Nikolai Komyagin, vocalista da banda, age como se fosse uma reencarnação russa de Ney Matogrosso, percorrendo batidas eletrônicas descompassadas com algum tipo de energia esquecida do Joy Division, utilizando como panorama a Rússia moderna e seus problemas.
Álbum do ano: “三毒史” / Sandokushi” — Sheena Ringo (Japão)
Comece ouvindo: “Kamisama, Hotokesama”
Mesmo com o aspecto análogo ao de uma coletânea, já que é formado por singles lançados desde 2015 e apenas 3 músicas inéditas, “Sandokushi” é construído pela cantora japonesa Sheena Ringo como se unir todas essas faixas sempre tivesse sido parte de um plano maior. E realmente é: o nome “Sandokushi” é uma palavra composta a partir da teoria budista dos “três venenos” que podem infectar o coração de um homem — a cobiça, a má vontade e a ignorância. Com 41 anos de idade, Sheena reflete com bastante frequência a ideia de vida e morte por todo o álbum, tentando também endossar que aproveita tudo isso de sua maneira, havendo ainda algum espaço para refletir sobre o momento atual da capital Tóquio na faixa de mesmo nome.
A língua japonesa impõe certas dificuldades na compreensão das letras — e até mesmo para lembrar os nomes das músicas — mas ao mesmo tempo ele é um produto artístico feito para ser ouvido fora do Japão. A habilidade de Ringo em unir jazz pop, art pop, e até mesmo variações de música industrial, é fluída e encantadora mesmo que você não entenda uma palavra de japonês. Ela resgata tudo o que já foi feito em sua bem sucedida carreira no país nipônico, mas também sempre traz um gostinho extra — como se fosse os clássicos “Honno” ou “Stem” fossem transbordar em suas próprias genialidades e estranhezas. Obrigado pela doideira, Sheena Ringo.
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