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A Eurorrepescagem 2025 — votação paralela que escolhe as melhores músicas da temporada de finais nacionais do Eurovision — teve um resultado surpreendente: a vencedora foi uma canção da Moldávia, país que se retirou da competição. “Semafoare”, interpretada por Bacho e Carnival Brain, e originalmente selecionada para a Etapa Națională, somou expressivos 56 pontos no televoto, garantindo o primeiro lugar. 

A saída da Moldávia do Eurovision 2025 foi anunciada poucos dias após a primeira audição ao vivo do Etapa Națională, realizada em janeiro. A emissora pública TVM cancelou todo o evento, justificando a decisão pela “baixa qualidade artística” das canções concorrentes e pela recepção negativa do público moldavo ao processo.

Por ironia, a canção que ficou em segundo lugar também envolve desistências: “Clickbait” do Neonoen, banda que declinou a chance de representar Montenegro no Eurovision após o surgimento na internet um vídeo que revela uma performance antiga da música – fora do período de elegibilidade eurovisiva.

Como funcionou

A votação foi definida em 66,66% pelo televoto (público) e em 33,33% pelos jurados do Koli (os nossos três jornalistas). A edição de 2025 buscou dar um peso maior aos leitores, que fazem o projeto acontecer diariamente.

Foram elegíveis apenas as canções que não venceram as finais nacionais (exceto em caso de desistência do vencedor), totalizando 634 músicas de 27 países. Foi solicitado a cada jurado um top 20 da temporada (mas só as dez primeiras foram pontuadas, no estilo Eurovision) com uma justificativa por escrito. Já o público pôde votar de forma ilimitada por quase uma semana através de formulário publicado no nosso site. Nós recebemos quase 3000 votos, dos quais 2962 foram válidos (ou seja, foram depositados em uma canção corretamente). 166 músicas foram votadas ao menos uma vez por 69 contas diferentes.

Como a soma dos pontos concedidos pelos três rankings dos três jurados foi 174, o público recebeu o dobro de pontos (348), que foram distribuídos proporcionalmente. Para aumentar a competitividade dos mais votados e também evitar pontuações em números decimais, um novo ranking foi feito apenas com as músicas que passaram a “barreira do 1 ponto” (aproximadamente 0,30% dos votos). Em outras palavras, fizemos um novo cálculo com todas as músicas que passaram de 0,30% e distribuímos os 348 pontos proporcionalmente somando apenas os votos recebidos por estas. Se ficou confuso, você pode conferir a planilha com os resultados.

Confira a planilha com dados detalhados

Resultados gerais

(*) desempate aplicado (confira as regras ao final do ranking)

  1. 🇲🇩 Bacho and Carnival Brain – Semafoare: 61 pontos (Televoto 61, Júri 0)
  2. 🇲🇪 Neonoen – Clickbait: 57 pontos (Televoto 57, Júri 0)
  3. 🇱🇹 Liepa – Ar mylėtum: 41 pontos (Televoto 26, Júri 15)
  4. 🇫🇮 Nelli Matula – Hitammin Hautaan: 28 pontos (Televoto 4, Júri 24)
  5. 🇵🇹 Henka – I Wanna Destroy U: 25 pontos (Televoto 15, Júri 10)
  6. 🇦🇱 Elvana Gjata – Karnaval: 24 pontos (Televoto 24, Júri 0)
  7. 🇬🇷 Evangelia – Vale (Βάλε): 22 pontos (Televoto 22, Júri 0)
  8. 🇷🇸 Bojana x David – Šesto čulo (Шесто чуло): 21 pontos (Televoto 21, Júri 0)
  9. 🇲🇹 Kristy Spiteri – Heaven Sent: 18 pontos (Televoto 10, Júri 8)
  10. 🇪🇪 An-Marlen – Külm: 14 pontos (Televoto 0, Júri 14)
  11. 🇸🇪 Meira Omar – Hush Hush: 12 pontos (Televoto 4, Júri 8)*
  12. 🇮🇹 Joan Thiele – Eco: 12 pontos (Televoto 0, Júri 12)*
  13. 🇲🇹 Kantera – Lalaratatakeke lalaratakabum: 11 pontos (Televoto 11, Júri 0)*
  14. 🇫🇮 Goldielocks – Made Of: 11 pontos (Televoto 3, Júri 8)*
  15. 🇩🇰 Adel the Second – The Unluckiest Boy Alive: 10 pontos (Televoto 10, Júri 0)*
  16. 🇱🇻 The Ludvig – Līgo: 10 pontos (Televoto 2, Júri 8)*
  17. 🇪🇸 DeTeresa – La pena: 10 pontos (Televoto 0, Júri 10)*
  18. 🇮🇹 Giorgia – La cura per me: 9 pontos (Televoto 5, Júri 4)
  19. 🇵🇱 Swada x Niczos – Lusterka: 8 pontos (Televoto 2, Júri 6)*
  20. 🇧🇪 Mentissa – Désolée: 8 pontos (Televoto 1, Júri 7)*
  21. 🇲🇪 Tamara Živković – Poguban let (Погубан лет): 7 pontos (Televoto 0, Júri 7)
  22. 🇩🇪 Feuerschwanz – Knightclub: 6 pontos (Televoto 6, Júri 0)*
  23. 🇵🇹 Josh – Tristeza: 6 pontos (Televoto 6, Júri 0)*
  24. 🇮🇸 Birgo – Ég flýg í storminn / Stormchaser: 6 pontos (Televoto 6, Júri 0)*
  25. 🇮🇹 Olly – Balorda nostalgia: 6 pontos (Televoto 6, Júri 0)*
  26. 🇷🇸 Tam – Durum durum (Дуpум дуpум): 5 pontos (Televoto 5, Júri 0)*
  27. 🇸🇪 Måns Zelmerlöw – Revolution: 5 pontos (Televoto 5, Júri 0)*
  28. 🇵🇹 Capital da Bulgária – Lisboa: 5 pontos (Televoto 5, Júri 0)*
  29. 🇭🇷 Ogenj – Daj, daj: 5 pontos (Televoto 5, Júri 0)*
  30. 🇮🇹 Elodie – Dimenticarsi alle 7: 4 pontos (Televoto 4, Júri 0)

Critérios de desempate (em ordem decrescente de importância):

  • Maior número de pontos do público (televoto) *
  • Maior número de votos do público (televoto) **
  • Persistindo, votação entre os jurados ***

Resultados do televoto

  1. 🇲🇩 Bacho and Carnival Brain – “Semafoare”: 61 pontos (477 votos, 16,11% do total)
  2. 🇲🇪 Neonoen – “Clickbait”: 57 pontos (444 votos, 14,99% do total)
  3. 🇱🇹 Liepa – “Ar mylėtum”: 26 pontos (198 votos, 6,68% do total)
  4. 🇦🇱 Elvana Gjata – “Karnaval”: 24 pontos (189 votos, 6,38% do total)
  5. 🇬🇷 Evangelia – “Vale” (Βάλε): 22 pontos (168 votos, 5,67% do total)
  6. 🇷🇸 Bojana x David – “Šesto čulo” (Шесто чуло): 21 pontos (162 votos, 5,48% do total)
  7. 🇵🇹 Henka – “I Wanna Destroy U”: 15 pontos (119 votos, 4,02% do total)
  8. 🇲🇹 Kantera – “Lalaratatakeke lalaratakabum”: 11 pontos (86 votos, 2,91% do total)
  9. 🇩🇰 Adel the Second – “The Unluckiest Boy Alive”: 10 pontos (79 votos, 2,67% do total)
  10. 🇲🇹 Kristy Spiteri – “Heaven Sent”: 10 pontos (74 votos, 2,50% do total)
  11. 🇩🇪 Feuerschwanz – “Knightclub”: 6 pontos (50 votos, 1,69% do total)
  12. 🇵🇹 Josh – “Tristeza”: 6 pontos (45 votos, 1,52% do total)
  13. 🇷🇸 Tam – “Durum durum” (Дурум дурум): 5 pontos (41 votos, 1,38% do total)
  14. 🇸🇪 Måns Zelmerlöw – “Revolution”: 5 pontos (40 votos, 1,35% do total)
  15. 🇮🇹 Giorgia – “La cura per me”: 5 pontos (37 votos, 1,25% do total)
  16. 🇭🇷 Ogenj – “Daj, daj”: 4 pontos (34 votos, 1,15% do total)
  17. 🇸🇪 Meira Omar – “Hush Hush”: 4 pontos (30 votos, 1,01% do total)
  18. 🇫🇮 Nelli Matula – “Hitaammin Hautaan”: 4 pontos (29 votos, 0,98% do total)
  19. 🇮🇹 Elodie – “Dimenticarsi alle 7”: 4 pontos; 🇵🇹 Fernando Daniel – “Medo”: 4 pontos (29 votos, 0,98% do total

🇮🇹 Gaia – “Chiamo io chiami tu”: 4 pontos (28 votos, 0,95% do total)
🇫🇮 Goldielocks – “Made Of”: 3 pontos (23 votos, 0,78% do total)
🇦🇱 Ardit Çuni – “Amane”: 3 pontos (20 votos, 0,67% do total)
🇭🇷 Nipplepeople – “Znak”: 3 pontos (20 votos, 0,67% do total)
🇵🇱 Teo – “Immortal”: 3 pontos (20 votos, 0,67% do total)
🇸🇪 Dolly Style – “Yihaa”: 2 pontos (19 votos, 0,64% do total)
🇪🇪 Andrei Zevakin feat. Karita – “Ma ei tea sind”: 2 pontos (18 votos, 0,61% do total)
🇵🇱 Swada x Niczos – “Lusterka”: 2 pontos (18 votos, 0,61% do total)
🇦🇱 Orgesa Zaimi – “I parë”: 2 pontos (16 votos, 0,54% do total)
🇪🇸 Kuve – “Loca xti”: 2 pontos (16 votos, 0,54% do total)
🇷🇸 Harem Girls – “Aladin” (Аладин): 2 pontos (16 votos, 0,54% do total)
🇱🇹 Rūta Budreckaitė – “Tai kur namai”: 2 pontos (15 votos, 0,51% do total)
🇱🇺 Luzac – “Je danse”: 2 pontos (15 votos, 0,51% do total)
🇧🇪 Lenn – “Air Balloon”: 2 pontos (14 votos, 0,47% do total)
🇭🇷 Ananda – “Lies Lay Cold”: 2 pontos (13 votos, 0,44% do total)
🇲🇩 Sasha Khanedanyan – “Silent Hills”: 2 pontos (13 votos, 0,44% do total)
🇱🇻 The Ludvig – “Līgo”: 2 pontos (12 votos, 0,41% do total)
🇧🇪 Mentissa – “Désolée”: 1 ponto (11 votos, 0,37% do total)
🇱🇺 Rafa Ela – “No Thank You”: 1 ponto (11 votos, 0,37% do total)
🇮🇹 Shablo feat. Guè, Joshua and Tormento – “La mia parola”: 1 ponto (10 votos, 0,34% do total)
🇺🇦 Khayat – “Honor”: 1 ponto (9 votos, 0,30% do total)

Resultados e justificativas do júri

🇫🇮 Nelli Matula – Hitaammin Hautaan: 24

🇱🇹 Liepa – Ar mylėtum: 15

🇪🇪 An-Marlen – Külm: 14

🇮🇹 Joan Thiele – Eco: 12

🇪🇸 DeTeresa – La pena: 10

🇵🇹 Henka – I Wanna Destroy U: 10

🇱🇻 The Ludvig – Līgo: 8

🇸🇪 Meira Omar – Hush Hush: 8

🇫🇮 Goldielocks – Made Of: 8

🇲🇹 Kristy Spiteri – Heaven Sent: 8

🇲🇪 Tamara Živković – Poguban let: 7

🇧🇪 Mentissa – Désolée: 7

🇵🇱 Swada x Niczos – Lusterka: 6

🇮🇸 Birgo – Ég flýg í storminn: 6

🇮🇹 Olly – Balorda nostalgia: 6

🇵🇹 Capital da Bulgária – Lisboa: 5

🇮🇹 Giorgia – La cura per me: 4

🇱🇹 Mantas Ben – Svajonės po 12: 4
🇱🇹 Petunija – Į saldumą: 3
🇷🇸 Mimi Mercedez – Turbo žurka: 3
🇫🇮 Viivi – Aina: 2
🇵🇹 Diana Vilarinho – Cotovia: 2
🇦🇱 Luna Çausholli – Qiell apo ferr: 1
🇲🇹 Dario Bezzina ft. Żeppi Il-Muni – Għażliet: 1

1. 🇫🇮 Nelli Matula
2. 🇵🇹HENKA
3. 🇲🇹Kristy Spiteri
4. 🇱🇻 The Ludwig
5. 🇪🇪 An-Marlen
6. 🇱🇹Liepa
7. 🇵🇱 Sw@da x Niczos
8. 🇷🇸 Mimi Mercedez
9. 🇵🇹 Diana Vilarinho
10. 🇲🇹Dario Bezzina feat. Joseph Il-Muni

Não pontuadas:

11. 🇸🇪 Meira Omar
12. 🇮🇸 Birgo
13. 🇷🇸 TAM
14. 🇲🇹 Kantera
15. 🇭🇷 IVXN
16. 🇮🇹 Gaia
17. 🇱🇹 Petunija
18. 🇪🇪 Cecilia
19. 🇬🇷 Evangelia
20. 🇩🇪 From Fall To Spring

1. 🇮🇹 Joan Thiele
2. 🇪🇸 DeTeresa
3. 🇫🇮 Goldielocks
4. 🇧🇪 Mentissa
5. 🇮🇹 Olly
6. 🇵🇹 Capital da Bulgária
7. 🇱🇹 Mantas Ben
8. 🇪🇪 An-Marlen
9. 🇵🇱 Swada x Niczos
10. 🇦🇱Luna Çausholli

Não pontuadas

11. 🇱🇹 Rūta Budreckaitė
12. ⁠🇲🇹Kristy Spiteri
13. ⁠🇵🇹 Diana Vilarinho
14. ⁠🇪🇸 Lachispa
15. ⁠🇸🇪 Björn Holmgren
16. ⁠🇫🇮 Nelli Matula
17. ⁠🇱🇹 Liepa
18. ⁠🇪🇪 Andrei Zevakin feat. Karita
19. ⁠🇦🇱MAL
20. ⁠🇪🇸 Celine Van Heel

1. 🇫🇮 Nelli Matula
2. 🇱🇹 Liepa
3. 🇸🇪 Meira Omar
4. 🇲🇪Tamara Živković
5. 🇮🇸 Birgo
6. 🇪🇪 An-Marlen
7. 🇮🇹 Giorgia
8. 🇱🇹 Petunija
9. 🇫🇮 Viivi
10. 🇱🇻The Ludvig

Não pontuadas

11. 🇧🇪 Mentissa
12. 🇺🇦GRISANA
13. 🇮🇹 Elodie
14. 🇷🇸Mimi Mercedez
15. 🇮🇹 Gaia
16. 🇦🇱 Elvana Gjata
17. 🇺🇦MOLODI
18. 🇱🇹 Rūta Budreckaitė
19. 🇵🇹 Xico Gaiato
20. 🇱🇻 Citi Zēni

1. 🇫🇮 Nelli Matula
Eu sempre achei a música em si bem charmosa, mas o que a consolidou no meu tipo foi a apresentação no UMK. De arrepiar. A parte da vocalização em câmera lenta é possivelmente meu momento favorito das NFs esse ano. Genial.
2. 🇵🇹HENKA
Desde que comecei a acompanhar finais nacionais, essa é, com folga, a melhor das tentativas de rock/metal do FDC. Tinha minhas dúvidas pós-traumas de REBELGIUM, mas ela acabou com todas elas no momento em que entrou no palco. Não é surpresa que o povo português aclamou tanto. Que seja um sinal para mais jurados emos no festival ano que vem!
3. 🇲🇹Kristy Spiteri
Meu primeiro lugar de 2023 foi Edgar… o que já justifica essa posição, já que é a irmã mais nova de Edgar (é composição da Teya, inclusive!).
4. 🇱🇻 The Ludwig
Essa aqui é a evolução do século. Eu acho a tentativa dele de 2017 um TERROR, uma atrocidade, então tive medo de como seria a nova tentativa. Para a minha surpresa, Līgo é excelente e não tem nada a ver com a canção anterior dele… talvez porque ele não cante quase nada agora? Mistérios. Acredito que seria uma opção mais segura pra garantir uma final para a Letônia, já que a mistura de tradicional com eletrônica tende a ir muito bem no concurso (e no meu ranking), mas quem sabe da próxima vez. Pelo menos, está no caminho certo!
5. 🇪🇪 An-Marlen
Essa aqui me surpreendeu. Eu só tinha ouvido a música do Tommy Cash antes da final do Eesti Laul, então vocês não podem imaginar a felicidade de ouvir um trance intimista entre os competidores. Ela consegue transmitir a atmosfera da canção perfeitamente no palco. Top 3 merecidíssimo no Eesti e top 5 merecidíssimo no Anaracritic!
6. 🇱🇹Liepa
Como fã de Luktelk, eu me dou o direito de considerá-la uma das grandes sucessoras da fritação lituana (mesmo não sendo do mesmo nível de Luktelk). Inacreditável que quase não foi para a final, mas o mundo (e o povo lituano) foi justo. Já eu não preciso explicar tanto, pois vocês sabem que tenho um fraco por fritações.
7. 🇵🇱 Sw@da x Niczos
Essa já ganha pontos comigo por ser o mais perto que ouviríamos de bielorrusso no Eurovision nesses últimos cinco anos (apesar de não ser exatamente bielorrusso?). Não sei se gosto 100% da apresentação, mas a música é tão boa que entraria no meu top com folga – como disse acima, misturas de tradicional e eletrônica sempre são bem-vindas. Uma pena, de verdade, que teve que competir logo no mesmo ano que Justyna.
8. 🇷🇸 Mimi Mercedez
Sim, eu torci por Hurricane, como adivinhou? No caso da Mimi, confesso que não curto a apresentação por achar parada demais. Está aqui 100% pela música, que mostra o que a Sérvia sabe fazer de melhor: um turbofolk delicioso.
9. 🇵🇹 Diana Vilarinho
A Diana entrou pelo conjunto música e apresentação. Eu já gostava no estúdio, mas não a ponto de salvar em playlist, nem nada do tipo. O pacote final, lá no festival, foi tão redondinho que não teve como não torcer por ela (até porque já sabíamos que a Henka não tinha chances). É uma faixa cuja vibe lembra entradas antigas de Portugal (vide Tonicha, em 1971) e que eu sinto muita falta.
10. 🇲🇹Dario Bezzina feat. Joseph Il-Muni
Eu vou dizer para os meus netos que eles foram a Esma e o Lozano!
Brincadeiras à parte, é justamente isso que me faz gostar tanto dessa música. Essa união jovem – velho me torna uma tia do sofá porque eu acho uma fofura? E, sim, acho a canção uma versão maltesa e menos icônica de uma parceria Esma e Lozano – uma dupla que sempre defenderei!!! Esma, você foi gigante! Fiquei na dúvida se entrava no meu top 10 ou não, mas como eu devo ser a única pessoa desse país a pontuar os divos, receba meu singelo pontinho.

10 – Luna Causholli – Qiell Apo Ferr 🇦🇱
Essa é uma das músicas que, caso não tivesse parado para pesquisar por todas as NFs, teria passado despercebida (já que foi eliminada nas semifinais da que foi apenas a segunda final nacional da temporada, lá em dezembro). Dando uma moral ao festival albanês, encontrei essa aqui que, embora seja uma baladinha-voz-e-violão extremamente simples, me cativou.

9 – Sw@da x Niczos – Lusterka 🇵🇱
Embora muito fã do duo, nem dá para reclamar: a Polônia fez a escolha óbvia e não os culpo por isso, visto que “Gaja” é excelente. O que mais me chocou foi a dupla ter atingido o segundo lugar com uma votação tão significativa. Hits em língua nativa sempre serão valorizados por aqui, e quando bem feitos, como é o caso, a exaltação precisa ser unânime. Torço pela volta deles com uma opção ainda mais arrebatadora em um futuro próximo.

8 – An-Marlen – Külm 🇪🇪
“Külm” é tudo o que a Estônia poderia ter tido, mas optou por não ter. Moderna, sofisticada e cativante do início ao fim, teria sido maravilhoso poder acompanhá-la nas pre-parties, ensaios e no grande palco, mas os bálticos preferiram a música do café espresso…

7 – Mantas Ben – Svajonės po 12 🇱🇹
Mais uma que poderia ter passado batida caso não tivesse parado para assistir às semifinais do – excelente – eurovizija.lt, essa foi uma daquelas que ficou perdida nas inúmeras baterias da final nacional lituana e que, embora inofensiva, tem uma letra MUITO triste e melodia que me tocaram muito. Mais uma entrada voz-e-violão que me pegou com força ultimamente, e o fato de nem ter chegado à final só comprova o alto nível crescente do festival do país báltico.

6 – Capital da Bulgária – Lisboa 🇵🇹
Pode parecer polêmico, mas ao contrário do senso comum, não me entreguei aos favoritismos de Fernando Daniel e Josh, queridinhos dos eurofãs. Para falar a verdade, nenhuma das duas me agradou muito e o Festival da Canção, honestamente, também não. Exceções à parte, como Diana Vilarinho, Emmy Curl, Xico Gaiato e a que assume o meu sexto lugar. É inconcebível para mim imaginar que essa entrada sequer chegou à uma final que, para mim, deixou muito a desejar. Desde a primeira vez que ouvi, passou a ser impossível não cantar os versos e o refrão, além de já ter perdido as contas de quantas vezes apertei o botão do repeat. E não pretendo parar!!

5 – Olly – Balorda Nostalgia 🇮🇹
Embora tenha aprendido a gostar da que passou a ser a entrada italiana, de fato, me sinto órfão da canção campeã do Sanremo, que tinha tudo para estar lá em cima nos meus tops pessoais. Mas como nem tudo são flores, precisei comentar sobre “Balorda Nostalgia” na lista de perdas das finais nacionais ao invés da lista oficial do Eurovision.
Italiana a enésima potência, a canção campeã do tradicional festival italiano é uma balada completa, com todos os clichês do gênero, mas que me encanta justamente por isso. Lucio Corsi que me perdoe, mas eu estaria tranquilamente fechado com o Olly em Basel.

4 – Mentissa – Désolée 🇧🇪
Mentissa: orgulho de ser fã!!!
Já conhecia a diva há uns anos e confesso que fiquei muito animado quando soube que a VRT a trouxe para uma nova edição do (surpreendente) Eurosong. Apesar disso, “Désolée” não é nada do que esperava. E isso não é necessariamente ruim.
Mentissa é muito boa com baladas, tais quais algumas das que a fizeram famosa no The Voice belga, mas sua entrada para a final nacional é completamente diferente. É dançante, chique, elegante e muito competente ao mostrar outra faceta da artista que, cada vez mais, tem minha admiração (e meus streams)

3 – Goldielocks – Made Of 🇫🇮
Lá em fevereiro eu estava MUITO engajado com qualquer música em finlandês que pudesse levar a final nacional. Isso fez com que eu não só não desse bola para a segunda colocada quanto também tenha até a preterido, de certa forma. Quando a final passou e passei a ver os resultados das finais nacionais com o olhar de quem não está mais no meio daquelas semanas todas, consegui finalmente perceber o porquê de Made Of ser tão querida entre os eurofãs. A música é excelente, o staging é surpreendente, a presença de palco é ótima e o pacote geral se torna uma entrada que brigaria nas cabeças em Basel. O único problema era que tinha uma Erika Vikman no caminho. Mas se não fosse pela edição atípica do UMK, em que apenas uma catástrofe tiraria o troféu das mãos da ex-cicciolina, não tenho dúvidas de que Goldielocks faria frente aos favoritos e teria, com todos os méritos, levado a final nacional.

2 Deteresa – La Pena 🇪🇸
Guilty pleasures a parte, esse é o MEU guilty pleasure!
Mesmo não tendo sido mal recebida pelos eurofãs e nem pelas apostas, Deteresa não entrou no Benidorm Fest como favorita. Cercava sim, aquele grupo dos quatro artistas que passariam pela semifinal, e pela reação do público na noite, não deveria ter problemas para isso – se não fosse um ínfimo detalhe: ela teria que cantar ao vivo, dançar e caminhar por todo o palco.
O resultado não podia ser outro, faltou ar, a voz não saiu como devia e, honestamente, tudo isso faz com que La Pena ao vivo tenha saído um verdadeiro desastre. E é exatamente isso que eu AMEI.
La Pena é a perfeita definição de camp. A letra é genial, assim como as referências durante todo o live, o público acompanhou do início ao fim e Deteresa, extremamente carismática, se fez presente no palco (mesmo que daquele jeito) de forma que apenas a vencedora do Benidorm Fest também conseguiu fazer. Se para muitos o live foi o ponto decrescente de La Pena, para mim foi o que a catapultou para o topo.

1 – Joan Thiele – Eco 🇮🇹
Se eu tive alguma dúvida entre posições nesse top, absolutamente nenhuma delas foi no primeiro lugar. Ano passado tinha duas opções muito fortes que poderiam muito bem ter trocado posições em 1º e 2º (Lik U Ogledalu e Dos Extraños), já esse ano Joan Thiele praticamente correu sozinha. Minha favorita desde o dia que a ouvi sem querer por causa do aleatório do spotify enquanto trabalhava, tenho para mim que o 20º lugar no Sanremo não foi só injusto, mas também inconcebível (digo isso mesmo sabendo que muito provavelmente estou sendo imparcial).
Não tem muita justificativa para explicar o que pra mim é óbvio: Eco é cativante do início ao fim, elegante e Joan no palco é muito competente. Se vale a sugestão: o videoclipe também é belíssimo.
A questão que talvez justifique a posição tão baixa é o nível sempre alto do festival italiano, que mesmo cercado de polêmicas este ano, ainda deu um jeito de formular um representante bastante competitivo ao Eurovision. Com isso e com concorrência ferrenha de outros candidatos tão bons quanto, é justificável (talvez???) que ela tenha ficado um pouco para trás. De qualquer forma, meu palpite a respeito das entradas femininas no Sanremo pode ficar para um pouco mais para frente, embora tenha certeza de que muitos de nós tenhamos uma opinião bem parecida.

Eu olho para o meu top 20 e penso que ele diz mais sobre a temporada do Eurovision do que sobre mim. Não me entenda mal: amo todas as canções que entraram no meu ranking — se não amasse, elas não estariam ali. É que essa lista reflete o que falta de verdade numa edição fraca como a de 2025: os clichês confortáveis.

Não há uma balada de rasgar o peito como “La cura per me” ou “Aina”. Não vemos uma farofa caótica como “Hush Hush”, que remonta aos tempos das divas eurovisivas dos anos 2000. As entradas com tons eletrônicos que emulam algo do vocal trance, como “Ar mylėtum” e “Külm”, já não soam mais tão disruptivas como antes — agora parecem parte do som do presente. E funcionam.

A canção que talvez mais fuja desse lugar familiar seja a da lituana Petunija, com uma pegada de synth mais experimental (e até visceral). Destaco também a tribal “Ai, Senhor”, de Xico Gaiato, que tristemente não passou da semifinal no confuso Festival da Canção — claro, por um erro de visão dos jurados sobre o que Portugal realmente busca no Eurovision.

No geral, não tivemos neste ano canções verborrágicas e criativas como “Novo, bolje” ou “Remitente”, mas encontramos pontos de afago sonoro, lembranças de cenas que já vimos — e gostamos — no nosso festival favorito.

E aqui se encontra “Hitaammin Hautaan”. Minha vencedora desta lista não é subversiva a ponto de render uma nova “Paranoia ou Mistificação” eurovisiva, mas se destaca justamente por ocupar esse lugar de conforto. Nelli é uma vocalista de mão cheia, com ares de Ariana Grande — não só no visual e nos vocais (ainda que vagamente), mas também no pop atmosférico e sonhador dos tempos de “Sweetener”.

O que torna essa canção tão especial, no entanto, é a letra, que soa ainda mais identificável — especialmente porque temos idades próximas (tenho 27 anos, ela 29). O fim dos 20 é aquele momento em que a competição e as cobranças impostas pelas expectativas da sociedade parecem mais exacerbadas. Com carisma e ternura, Nelli mostra que aprendeu a andar no seu próprio ritmo, dona da sua própria pressa.

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