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Top 100

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10. “Boda Sodiq”, Niniola (Nigéria)

Niniola se divulga por todo os cantos como a “rainha do afro-house” —e canções como “Boda Sodiq” mostram que isso está longe de ser uma mentira. Ao cantar em uma roupagem totalmente leve e popular, Niniola coloca em debate o consentimento nas relações sexuais, assunto mais que necessário em um país onde o estupro é tratado como epidemia.

9. “Ashes to Ashes”, Anna Bergendahl (Suécia)

A cantora sueca Anna Bergendahl levou (e ainda leva) por toda a sua carreira uma marca negativa: é a única competidora a não conseguir classificar a Suécia para a final do festival Eurovision desde a introdução das semifinais. Nove anos após a eliminação, Anna Bergendahl volta ao palco do Melodifestivalen (seletiva que decide o representante nacional no Eurovision) não só para pedir uma nova chance ao povo sueco, mas também para afirmar que é uma artista que merece ser ouvida. “Ashes to Ashes”, faixa que transita entre o electropop e o country, faz uma ponte quase perfeita entre a sonoridade de Anna e o que se espera do Melodifestivalen atual, que fora reformulado para ser o mais acessível e popular possível. Mesmo que a cantora não tenha vencido a seletiva, “Ashes to Ashes” fica como exemplo de como uma música pop pode ser escrita, do início ao fim, de forma criativa.

8. “Hatrið mun sigra” — Hatari (Islândia)

Embora o Eurovision 2019 tenha sido um dos mais fracos dos últimos anos, ele reuniu artistas alguns artistas bastante diferenciados que conseguiram trazer algo novo ou original para o programa. Sem precisar pensar muito, o grupo islandês Hatari talvez seja um dos maiores atos que o palco do festival já recebeu. Nórdicos vestidos em roupas de sadomasoquismo cantando música industrial sobre como a Europa irá desmoronar? Ok… Não sabia que precisava disso, mas agora não vivo sem.

7. “Ktheju tokës”, Jonida Maliqi (Albânia)

A canção de art pop que representou a Albânia no Eurovision não é das que caem instantaneamente no gosto de quem ouve, mas em algum momento os vocais místicos de Jonida Maliqi pegam. “Ktheju Tokës”, cantado por Jonida Maliqi, é um pedido para que a diáspora albanesa retorne ao país, que historicamente viu sua população emigrar por diversos motivos.

6. “Sebi”, zalagasper (Eslovênia)

Vamos de Eurovision mais uma vez? “Sebi”, canção eslovena de pop ambiental feita pelo duo zalagasper, cria uma atmosfera própria virtualmente única nestes mais de 60 anos do festival europeu, retratando o amor como se ele fosse algum tipo de recorte no espaço-tempo de 3 minutos.

5. “Живи спокойно, страна!” (Zhivi spokoyno, strana!), LOBODA (Ucrânia)

A regravação do sucesso de Alla Pugacheva, uma das maiores artistas russas de todos os tempos, não intimidou a cantora Loboda, já que a ucraniana conseguiu ressignificar o clássico de forma ainda mais interessante. A escolha por trás do remake de “Zhivi Spokoyno, Strana!” (2003) foi a melhor possível, já que a letra conta as preocupações de uma mulher perseguida pela mídia e pelo público — e de fato, a cantora ostenta enorme popularidade no Leste Europeu por conta dos hits super produzidos, clipes provocativos e vida pessoal com algumas polêmicas, como a decisão de continuar cantando na Rússia após a guerra na Crimeia (assunto para um texto à parte). “Zhivi Spokoyno, Strana!”, ou em português “Fique calmo, país!”, foi repaginada em uma produção vocal trance que mantém a teatralidade da versão original, já que Loboda tem essa característica como uma de suas maiores qualidades, transformando o cover em um dos momentos mais memoráveis do Ruspop em 2019.

4. “Так закалялась сталь” (Tak Zakalyalas Stal), Shortparis (Rússia)

Quando ouço “Так закалялась сталь”, imediatamente lembro de Joy Division (realmente o inicio da música é bem parecido com o de “Transmission”). Isso passa longe de ser algo que jogue contra o grupo russo Shortparis, que parece utilizar esses recursos ao seu favor. Assim como no videoclipe censurado que acompanha a faixa, a intenção do grupo é cutucar quem consome suas produções, formando algo completamente único (muito também por culpa do vocal ímpar de Nikolai Komiagin) a partir de imagens que nenhuma banda internacional pode ter: as da Rússia moderna, em constante mudança, com seus problemas e virtudes.

3. “bad guy”, Billie Eilish (Estados Unidos)

Quando muitos procuravam quem seria a “nova Lady Gaga”, Billie Eilish, de apenas 18 anos, chegou pedindo passagem no mainstream mundial. “Bad guy” é apenas o símbolo dessa revolução de uma menina só, que gira em torno de um pop difícil de se colocar nas caixinhas de gêneros musicais, com vocais sussurrados e produção minimalista, contando também com um riff de sintetizador que parece ter sido tirado de alguma fase gótica do jogo Crash Bandicoot.

2. “Con Altura”; Rosalía, J Balvin & El Guincho (Espanha, Catalunha, Colômbia)

Quem prestou atenção nos caminhos traçados na era “El Mal Querer”, sabe que expandir o flamenco pop de Rosalía para uma audiência ainda maior era apenas questão de tempo. “Con Altura”, single que marca essa ruptura, encanta por ser corajosa, já que fez com que muitos dos fãs de músicas como “Catalina” torcessem o nariz, mas também triunfa por ser essencialmente a cara dela, que não se deixou levar pela (segunda) oportunidade de cantar com J Balvin, dessa vez em um reggaeton clássico, ao convocar seu produtor e melhor amigo El Guincho, completamente alheia ao ritmo, para colaborar na música. Tudo funciona.

1. “Неземная” (Nezemnaya), Max Barskih (Ucrânia)

Mesmo nos primórdios de sua carreira, quando fazia o pior do pop farofento que tocava exaustivamente nas rádios em 2012, Max Barskih já demonstrava ser um cantor pop diferenciado. Hoje em dia, mesmo após o maior sucesso de sua carreira (“Tumany”), o ucraniano parece cada vez menos preocupado em agradar e seguir fórmulas que sejam alinhadas com tudo que faz sucesso no Leste Europeu.

 

Sobre o autor

Matheus Rodrigues

Jornalista formado em 2023 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Apaixonado por música, culturas diferentes, futebol e Coca Zero. Obcecado por Eurovision e pop do leste europeu. Torcedor do imenso Sport Club Internacional.
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