O Kolibli dá prosseguimento ao #2021inReview com a lista mais difícil de se fazer, já que precisamos falar sobre não só sobre uma música ruim, mas um conjunto delas. Vem aí os 10 piores álbuns de 2021 de acordo com o Koli!
Vale lembrar que, assim como na de 20 Piores Músicas, o objetivo não é fazer bullying com o seu primo que resolveu ser músico e lançou umas demos no Youtube durante a pandemia, mas sim falar sobre artistas que merecem e aguentam o rajadão.
Caso bata aquela curiosidade mórbida, o Kolibli fez uma playlist no Spotify com os 10 álbuns selecionados. Bora lá!
Menções desonrosas
“Dancing With the Devil…The Art of Starting Over”, Demi Lovato / País: Estados Unidos
“Back on my Mind”, H.E.R / País: Estados Unidos
“Pirata”, Jão / País: Brasil
“Cor”, Anavitória / País: Brasil
“Juliette (EP)”, Juliette / País: Brasil (literalmente escapou apenas por não ser um álbum)
10. “DOCE 22” , Luisa Sonza
País: Brasil
Em “Doce 22”, Luisa Sonza criou um interessante universo híbrido com diversas referências nacionais e internacionais. Só que tal qual a expressão “cachorro que ladra, mas não morde”, ele passa uma sensação de profundidade que não existe (como nos emoticons ao final do nome de cada música). A verdade é que em poucos momentos ela soa tão legal ou artisticamente madura quanto os artistas que tenta se inspirar, como na nostálgica e explícita “2000 s2” que poderia vir de um álbum da J-lo. Falta ainda um pouco mais de sagacidade na hora das composições e uma unidade maior na produção. A forte abertura do “Doce 22” (“INTERE$$EIRA”) também é um bom exemplo de que Luisa tem muito a contar, já que é uma figura pública perseguida pelas manchetes (algumas repletas de misoginia), mas tudo ainda acaba soando como uma grande tentativa.
O bom é que, entre todas as críticas que podemos fazer a um projeto, muita pretensão é uma das melhores que podem existir. Nesta lista, por exemplo, este talvez seja o único álbum que mesmo sendo insuficiente dá um sinal de que Luisa está evoluindo e pode entregar muito mais.
Se salvam: “MODO TURBO (com Pabllo Vittar e Anitta)”, “INTERE$$EIRA”, “2000 s2”
A pior é: “fugitivos (com Jão)”
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9. “Poster Girl”, Zara Larsson
País: Suécia
Já pedindo o perdão pelo trocadilho, mas Zara Larsson faz pop para se tocar em loja de roupa. Com a exceção das duas únicas músicas interessantes (a excelente “Look What You’ve Done” e “Love Me Land”), “Poster Girl” é mais um projeto genérico e imemorável da cantora sueca que parecia caminhar para uma boa direção com os últimos singles. E pelo jeito que ela recebe as críticas, talvez não tenhamos um melhor tão cedo.
Se salva: “Look What You’ve Done”
A pior é: “I Need Love”
8. “Justice”, Justin Bieber
País: Canadá
A comparação é aleatória, mas a situação de Justin Bieber atualmente me faz lembrar as declarações dos dirigentes do Grêmio quando o clube começou a conseguir vencer alguns jogos no Campeonato Brasileiro desse ano. “A situação melhorou!”, muitos diziam, mas o clube terminou rebaixado. É a mesma sensação que temos com o cantor canadense. Como o Grêmio, era impossível não ter uma melhora, já que antes de mudar a comissão técnica, o clube estava em último na competição com dois pontos. Basta vencer um joguinho e pronto: já pode dizer que as coisas estão melhorando.
Com o Justin é o mesmo: após lançar um álbum desprezível e nulo como o “Changes”, era muito improvável que o cantor não conseguisse fazer um projeto minimamente melhor no futuro. Como relatamos em uma grande análise aqui no blog (recomendamos a leitura), fazer mais que nada ainda não é o suficiente. A produção é bem mais diversa e interessante do que no álbum anterior, mas Justin ainda soa muito básico, sem tempero algum e até ofensivo em alguns momentos, como na bizarra “MLK Interlude” com um trecho de um discurso de Martin Luther King utilizado por ele de forma ambígua.
Se salvam: “Peaches (feat. Daniel Caesar & Giveon)”, “Hold On”
A pior é: “MLK Interlude”
7. “Culture III”, Migos
País: Estados Unidos
Falar sobre estes projetos ruins desperta o pior de mim, então aí vai mais um chavão: conhecem a expressão “um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”? Com o grupo Migos é possível dizer que o hit “Bad and Boujee” (2016) foi apenas um lampejo de qualidade em um mar de mediocridade. No terceiro álbum da série “Culture”, o trio entrega mais um projeto de trap sem inspiração, preguiçoso e excessivamente longo feito para embalar as barbearias pelo mundo.
Se salvam: impossível dizer pois todas parecem iguais
A pior é: impossível dizer pois todas parecem iguais
6. “Khaled Khaled”, DJ Khaled
País: Estados Unidos
É admirável a capacidade do produtor DJ Khaled em conseguir reunir vários dos maiores nomes da música mundial e conseguir extrair nada. Com a exceção de “Big Paper” com Cardi B (que já não é tudo isso), provavelmente nenhuma música de “Khaled Khaled” entraria nos álbuns de qualquer um dos artistas convidados. De cabeça, lembramos apenas da desagradável “I Can’t Have it All” que acabou ganhando espaço no último álbum da cantora H.E.R., mas esta pode ser uma grande prova da mediocridade do projeto de ambos.
Se salva: “Big Paper (feat. Cardi B)”
A pior é: “Just Be (feat. Justin Timberlake)”
5. “star-crossed”, Kacey Musgraves
País: Estados Unidos
Não sei como fomos de um dos projetos mais destacados dos últimos anos (e vencedor de Grammy de Álbum do Ano) para um desastre completo como o “Star-Crossed” de Kacey Musgraves. Letras bobas que beiram o inacreditável, como na tenebrosa “good wife”, e produção uníssona com uma assustadora ausência de momentos memoráveis ou interessantes. Folk pop para hipertensos (importante maneirar no sal) pode ser a melhor definição que esse álbum merece. “Trilha sonora da Forever 21” também cabe muito bem.
Se salva: (…)
A pior é: “good wife”
4. “Certified Lover Boy”, Drake
País: Canadá
Como você pode perceber pela capa do álbum, Drake a esse ponto não consegue mais se importar com nada em termos musicais. O rapper canadense tem a certeza de que qualquer ideia que passe pela sua cabeça merece virar música – e com a chancela dos habituais recordes no Spotify. “Certified Lover Boy” é desnecessário, redundante, sonoramente pobre, ocasionalmente constrangedor (como na “confissão lésbica” em “Girls Want Girls”) e representa mais uma vez tudo de errado que existe na forma como alguns artistas tratam a cultura do streaming.
Se salva: quem não escuta
A pior é: “Girls Want Girls (ft. Lil Baby)”
3. “Equals”, Ed Sheeran
País: Reino Unido
O que mais podemos dizer de Ed Sheeran, que a esse ponto é o rei do “charlatanismo voz e violão” na música mundial? Há de se admirar a consistência do cantor britânico em entregar um pop cada vez mais insípido e sem graça e mesmo assim fazer números. Para não ficar tão mais do mesmo, ele até “se inspira” no The Weeknd aqui e ali, como em “Bad Habits” e “Overpass Graffiti”, mas continua resultando na mesma coisa: mais um álbum raso como um pires vindo de um artista que a indústria coloca como um de seus maiores compositores.
Se salvam: “Overpass Graffiti”, “The Joker and the Queen”
A pior é: “Sandman”
2. “Welcome to the Madhouse”, Tones and I
País: Austrália
Pegue grandes álbuns de música pop com essa temática de “terror” como “Thriller”, “The Fame Monster”, “Rated R”, “Turn off the light” e imagine a versão mais pobre, aguada e básica do que seria uma mistura de todos eles. E claro, não esqueça de adicionar alguns dos vocais mais irritantes no mainstream mundial. Pronto, você tem “Welcome to the Madhouse”, o primeiro álbum da australiana Toni Watson, que desde “Dance Monkey” nos avisava que algo ainda mais tenebroso poderia vir.
Se salva: quem nem tem ideia do que se trata esse álbum
A pior é: qualquer uma
1. “Music of the Spheres”, Coldplay
País: Reino Unido
Mesmo com vários álbuns caça-níqueis e extremamente longos por aí, o pior de 2021 é um projeto de tamanho normal: “Music of the Spheres” do Coldplay. Como a esse ponto a banda não precisa de maiores introduções, vamos apenas lembrar da queda vertiginosa de qualidade que o grupo vem apresentando desde o “Viva la Vida” de 2008. Alguma hora seríamos brindados com algo que pudesse superar todo tipo de expectativa negativa (e o momento chegou).
“Music of the Spheres” é uma odisseia intergaláctica de 41 minutos de puro sono que eventualmente se tornam momentos de raiva. Se você precisa de uma prova de que nem todo álbum conceitual é necessariamente bom, ouça este projeto. De acordo com a banda, “Spheres” se passa em um universo ficcional que contém nove planetas, três satélites naturais, uma estrela e uma nebulosa (cada um desses representado por uma música). Tudo isso para que no fim tenhamos um álbum praticamente inutilizável. Sério! Nem Selena Gomez, nem BTS conseguiram salvar. É um show de pop genérico, com letras literalmente rudimentares e produção ocasionalmente insípida ou ocasionalmente criminosa, como na faixa “Biutyful” em que o vocalista Chris Martin faz um dueto com uma versão “alien” dele mesmo, ou na tentativa desesperada de fazer uma música do Muse em “People of the Pride”.
É duro.
Se salva: quem nem sabia que tinha álbum novo do Coldplay
A pior é: “Biutyful”, mas a competição é grande.
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