Para aumentar o fluxo de posts no site e evitar que grandes projetos sejam indicados (ou não) apenas na época das listas de fim de ano, o Kolibli estreia o quadro Resenhas Curtas. Aqui serão postados textos pequenos que consigam sintetizar opiniões sobre álbuns e EPs com a mesma eficiência das resenhas mais encorpadas.
Outra novidade: pela primeira vez (ainda em período de teste), estaremos concedendo notas ao final das resenhas. O Kolibli adotará a escala numérica de 0 a 10 com até uma casa decimal, que sempre será o número 5. Para ficar mais claro: esqueçam do estilo Pitchfork (7,4 ou 8,2 não existe aqui, só 7,5 ou 8).
Álbuns e EPs com nota acima de 7,5 são considerados grandes recomendações e ganham o nosso selinho especial #KolibliRecomenda (aí, sim, como a Pitchfork e o seu “Best New Music”). Bora ver os analisados de hoje?
“Magic Still Exists” – Agnes
País: Suécia
Conhecida internacionalmente pelo hit “Release Me” no fim dos anos 2000 e lembrada pelos fãs de Eurovision por conta da seletiva sueca Melodifestivalen, Agnes Carlsson vem divulgando bons singles há um tempo, mas poucos poderiam esperar que ela lançasse um forte candidato a álbum do ano como “Magic Still Exists”.
Apesar da luz do revivalismo disco ter ficado mais fraca em 2021, Agnes provou que quis deixar a sua marca de qualquer forma. “Magic Still Exists” faz a cantora soar como uma veterana no comando (tal qual Kylie Minogue e Jessie Ware em seus álbuns), que conta até com superpoderes divinos (como na bizarra e viciante interlude “The Soul Has No Gender”) e uma perspicácia ímpar ao criar hits viciantes como “24 Hours” e “Here Comes The Night”. Se você gosta de pop e não conhece a Agnes, ouça o álbum antes de ser surpreendido com as posições altas dela em nossas listas de fim de ano.
Nota: 9/10 – Kolibli Recomenda
Melhores músicas: “24 Hours”, “Here Comes The Night”, “XX”, “The Soul Has No Gender”, “Selfmade”, “Fingers Crossed”, “Love and Appreciation”.
Para quem gosta de: dance-pop, disco, pop nostálgico.
“Vinyl #2” – Zivert
País: Rússia
Como o nome indica, “Vinyl #2” segue o mesmo (bom) modus operandi do primeiro álbum, mas alguns escolhas não fazem dele tão grande quanto. A duração do projeto atual, por exemplo, aumentou sem que houvesse necessidade (o velho “encher linguiça”). Pela segunda vez, Zivert lançou duas versões de uma mesma música (antes “Life” e agora “Turist”, que virou “Dva Turist” com a participação da italiana Wiwo). Só que, ao contrário da excelente “Life”, nós realmente precisamos de duas versões da pior música do “Vinyl #2”? Acredito que não.
De qualquer forma, a habilidade de Yulia em criar uma atmosfera oitentista envolvente segue inalterada e até oferece nuances que também dialogam com o presente, como na tropical “Del Mar”. “CRY” e “Ya Tebya Lyublyu” servem como uma boa alternativa aos que sentem saudades do hit “Beverly Hills” e “Rokki” não perde em nada para “Blinding Lights”. Pontos para ela!
Nota: 7.5/10 – Kolibli Recomenda
Melhores músicas: “ЯТЛ” (sigla para “Ya Tebya Lyublyu”), “Rokki”, “DEL MAR”, “Cry”, “Tebe”, “Mnogotochiya”
Para quem gosta de: pop russo, pop nostálgico.
“Te Ao Mārama” – Lorde
País: Nova Zelândia
Com “Te Ao Mārama”, Lorde proporciona um dos maiores abismos de qualidade entre duas versões de um mesmo projeto na memória recente do mainstream mundial. As cinco regravações em maori, língua nativa da Nova Zelândia, sintetizam o que de interessante havia em “Solar Power”, combinam mais com a proposta e entregam o tempero que faltou ao álbum original.
As mudanças na produção, como os backing vocals em “Oceanic Feeling” e a nova interpretação de “Fallen Fruit”, deram mais alma às pálidas versões originais e entregaram “Solar Power” a uma cultura que tem relação mais íntima com a natureza, algo que parece ser uma das grandes inspirações do projeto.
Nota: 9.0/10 – Kolibli Recomenda
Melhores músicas: “Mata Kohore / Stoned at the Nail Salon”, “Te Ao Mārama / Solar Power”, “Te Ara Tika / The Path”.
Para quem gosta de: indie pop, folk pop.
“DOCE 22” – Luisa Sonza
País: Brasil
Apesar de ainda ser um “álbum incompleto” , o lançamento de “fugitivos :)” – faixa em parceria com o cantor Jão divulgada há duas semanas – faz com que seja possível ter uma opinião mais conclusiva sobre “Doce 22”. Caso as duas músicas que ainda precisam ser lançadas mudem significativamente a nossa visão sobre ele, poderemos reformular o texto.
Em linhas gerais, “Doce 22” representa um avanço conceitual considerável em relação ao primeiro álbum de Luisa, mas ainda há muito a ser melhorado. Mesmo com bons vocais e uma produção interessante [especialmente na quase gauchesca “melhor sozinha :-)-:”], a cantora atira tanto para todos os lados (e na maioria das vezes, de forma pouco cativante) que é difícil considerar “Doce 22” como um grande depoimento do que é viver a primeira fase da vida adulta. As intenções, como visto nos desnecessários “emoticons” que acompanham o nome de cada música, são maiores do que o resultado final.
A agitada primeira parte conta com uma forte reação aos ataques misóginos que Luisa recebe (“INTERE$$EIRA”), mas não é suficiente para grudar ou ser tão boa quanto as referências que usa (como em “2000 s2”). A segunda parte, mais introspectiva, é melhor formulada, mas não apresenta padrão ou algo extraordinário a ser lembrado (além de “melhor sozinha :-)-:”). Por conta de tantos “quases”, “Doce 22” se tornou um álbum que é… quase bom.
Nota: 4/10
Melhores músicas: “MODO TURBO”, “melhor sozinha :-)-:”.
Para quem gosta de: pop brasileiro.
Leia também:
As melhores músicas de 2021 (até agora)
Por que o EP de Juliette é um grande erro
3 thoughts on “Resenhas Curtas: Agnes, Luisa Sonza, Zivert e Lorde”