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Neste ano, a carreira da Anitta quase seguiu “modelo FIFA” que conceituei no texto sobre a trilha de “As Panteras”: junta todo mundo numa música e vê depois no que vai dar. A cantora, que sempre foi cuidadosa em relação ao número de participações feitas ao longo de sua carreira, não poupou oportunidades e conseguiu até mesmo unir Caetano Veloso e Snoop Dogg no álbum “Kisses”, primeiro da cantora no âmbito internacional.

Para que fique claro: não há problema algum em lançar muitas parcerias (alô Nicki Minaj), mas é frustrante unir nomes de peso e não dar conta do recado. No preguiçoso dueto com Kevinho (“Terremoto”) e no funk “Bola Rebola”, ousado remake de “Vai Malandra” feito com Tropkillaz, J Balvin e MC Zaac, Anitta conseguiu atrair a atenção do mercado brasileiro e entregou um trabalho que foi de encontro com as expectativas geradas. Mas ao trabalhar com artistas como Major Lazer, Luis Fonsi e Marília Mendonça, quem acompanha a carreira da cantora acabou cada vez mais desapontado à medida que os lançamentos chegaram. Se esperávamos uma nova “Sua Cara”, algo impactante como “Despacito” e um relançamento luxuoso de “Loka”, recebemos músicas esquecíveis e pequenas quando comparadas ao trabalho de Anitta e seus parceiros.

“Combatchy”, nova aposta da cantora, é mais um desses super combos de artistas. Com Lexa, Luísa Sonza e MC Rebecca, grandes nomes no pop e no funk brasileiro, Anitta acerta por trabalhar no que sempre fez melhor. No funk, a cantora sabe como ninguém o que fazer para criar algo que instantaneamente ficará na cabeça de qualquer ouvinte (nesse caso, até mesmo quando ela não escreve a música). A canção, inspirada em um espetáculo de mesmo nome feito pela própria Anitta, também cria uma boa atmosfera para as outras meninas, fazendo com que o conceito geral seja eficiente.

Agora vai começar o combatchy
Quica, quica, bate, bate
Hoje vai rolar um fight de bumbum
Aqui não vai ter empate
O bagulho é de verdade
Meu popô vai dar nocaute em qualquer um

O ruim é que, como a maioria das coisas que a Anitta lançou em 2019, algum fio sempre fica solto. Em uma época em que a imagem da cantora como militante se encontra abalada por conta de diversas trapalhadas e “cancelamentos”, lançar uma música com título que flerta com o pajubá limita o prazo de validade da música e municia todos os críticos que acusam a cantora de convocar o público LGBT+ apenas quando lhe convém. Na produção geral, a canção é condizente com o que se produz no funk dos últimos tempos, mas sempre se espera mais da cantora que conseguiu fazer tocar em todos os lugares músicas em três idiomas e até mesmo, instrumentais.

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Sobre o autor

Matheus Rodrigues

Jornalista formado em 2023 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Apaixonado por música, culturas diferentes, futebol e Coca Zero. Obcecado por Eurovision e pop do leste europeu. Torcedor do imenso Sport Club Internacional.
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