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Mantendo a tradição, o Kolibli inicia o #2020inReview relembrando as piores músicas lançadas neste ano. É importante lembrar que o objetivo deste texto não é inserir todo tipo de música ruim que surgiu em 2020, já que não teríamos saúde mental para isso, e muito menos fazer bullying com aquele seu amigo que começou na música agora. O texto também não serve para ser clickbait malicioso, mas sim, um espaço para discutirmos o que deu errado durante o ano em termos musicais. Se quiser descobrir como são feitas as listas, acesse nosso texto explicativo. Aqui vão as menções (des)honrosas:

“The Best in Me” — Tom Leeb

“Siempre He Estado Aquí” — RBD

“Rave de Favela” — MC Lan, Anitta, Major Lazer, BEAM

“Say So (remix)” — Doja Cat & Nicki Minaj

“Tootsie Slide” — Drake

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Poxa Drake… Menos música pro Tik Tok e mais “God’s Plan” no futuro, por favor! Foto: Reprodução

As 20 piores músicas de 2020

20. “Genetics” — Meghan Trainor & Pussycat Dolls

19. “Fun Tonight” — Lady Gaga

18. “Largadão” — Lexa

17. “Flores” — Vitão e Luisa Sonza

16. “I Love Me” — Demi Lovato

15. “Cobra Venenosa” — Ludmilla & DJ WILL22

14. “Vamos amigos” — Mendes & Alvaro Estrella

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“Foi mal por comer a sua prima” — Matuê (2020). Foto: Reprodução/Instagram

13. “Máquina do tempo” — Matuê

12. “Resilient” — Katy Perry

11. “Micheque” — Detonautas

10. “Universo” — Blas Cantó

Blas Cantó é um cantor espanhol interessante (confira “El no soy yo”) que recebemos com muita euforia quando foi confirmada a sua participação como representante da Espanha no Eurovision 2020. Infelizmente, a expectativa morreu com o lançamento de “Universo”, balada de produção extremamente datada (os drops me lembraram coisas que já eram batidas há uns 10 anos), e refrão e vocais que vão além do irritante.

9. “Fall from the Sky” — Arilena Ara

Quem acompanha Eurovision sabe o que é sentir aquele frio na barriga quando a Albânia anuncia o revamp, ou em outras palavras, o relançamento de sua entrada oficial na língua inglesa para competir no programa. O país acumula um histórico de verdadeiros assassinatos à canções que acabaram trocando a bela língua nativa pelo inglês “mulher do Google Translate”. O objetivo sempre é tornar a música universal e compreensível para todos, mas a qualidade fica em segundo plano na maioria das vezes. “Shaj”, agora “Fall from the Sky”, não é exceção. A nova versão da comum, porém excelente, canção albanesa é mal produzida e imprime a sensação de que os trechos estão em conflito entre si durante a música toda. Mandamos um recado ao pessoal da seletiva nacional da Albânia: dá para ir bem no Eurovision sem ser em inglês, viu?

8. “Take Me As I Am” — Tornike Kipiani

Mais uma do Eurovision. Desta vez, a última.

É difícil dizer o que é mais estranho em “Take me as i Am”: a letra, a performance vocal exagerada de Tornike Kipiani, ou a visão da Geórgia sobre o que quer do Eurovision.

7. “Mate Todos Eles” — Baco Exu do Blues

O problema nas músicas novas do Baco passam longe da produção — que continua muito bem polida — e sim nas letras que ele constrói. Em “Mate todos eles”, canção bônus do tenebroso EP “Não tem bacanal na quarentena”, ele responde aos críticos da abordagem atual dele como quem realmente vestiu a carapuça que o público o concedeu: a de um liricista verborrágico que anda preso em um loop de letras sexuais parecidas e que relatam qualquer besteira que vai fazendo sucesso no Twitter. Ainda com tudo isso, sobra um espaço na canção para Baco se comparar a Kendrick Lamar… Bom, quem faz um álbum como o “Bluesman” tem potencial para tentar ser ao menos 50% do que o rapper estadunidense é, mas a empáfia precisa desaparecer urgentemente.

6. “Vem e som oss” — Anis Don Demina

No tradicional festival sueco Melodifestivalen, sempre questionamos em toda edição aquela música fraca que vai muito mais longe do que o esperado — e, geralmente, por ser excessivamente calcada no carisma do performer. Este é o caso de “Vem e som oss”, uma versão descarada (e piorada) de “Can’t Hold Us”, hit de Macklemore e Ryan Lewis que bombou entre 2012 e 2013.

5. “Mamacita” — Black Eyed Peas, Ozuna, J. Rey Soul

O grupo Black Eyed Peas marca presença por mais um ano neste espaço — e candidatas a participar desta lista não faltaram, já que o álbum “Translation” é, no mínimo, insuficiente em todos os sentidos. Acabamos por escolher “Mamacita”, reggaeton com Ozuna e a “quase” nova membro do grupo, J. Rey Soul, por ser um bom resumo do constrangedor fetiche e desespero do Black Eyed Peas pela cultura latina em 2020.

4. “Ur So F**cking Cool” — Tones and I

Tones and I até tenta se mostrar como uma artista pop com visões interessantes a apresentar, mas o conjunto da obra continua digno de revirar o estômago. A produção desatualizada e o timbre bizarro da cantora fazem de “Ur So F**king Cool” um remix menos assustador de “Dance Monkey”, mas ainda assim completamente abaixo da crítica.

3. “Só tem eu” — Zé Felipe

“Só tem eu”, música de Zé Felipe, filho do cantor Leonardo, é um arrocha com cara de sertanejo que segue o script natural dos dois gêneros — embora a letra pareça um pouco mais imbecil do que a média geral. “Nem o brilho das estrelas, nem a lua, nem o mar. Nada disso se compara ao amor que quero te dar”. Por favor, né pessoal?

De qualquer forma, o que torna “Só tem eu” provavelmente o pior hit brasileiro de 2020 é o autotune criminoso utilizado na voz do cantor. Assistimos outros vídeos de Zé Felipe se apresentando e o cantor demonstra uma performance vocal no mínimo satisfatória, mas a edição feita em sua voz chega a ser algo angustiante— especialmente quando a música pede notas mais altas.

2. “Ostrym cieniem mgły” — Andrzej Duda

Andrzej Duda, presidente polonês de extrema-direita, fez um erro grosseiro que muitos políticos acabam cometendo quando tentam entrar nas tendências das redes sociais. Muito pior do que aquele candidato a vereador que foi em seu bairro pela primeira vez só para comer pastel na frente do povo e tirar fotos, Duda embarcou em um desafio de grande sucesso na Polônia. A hashtag #Hot16Challenge consistia em incentivar celebridades a fazer freestyles e improvisações musicais para arrecadar fundos ao combate à pandemia de Covid-19. Além de ser um pouco irônico ter a participação de alguém que é responsável direto pelo estado da saúde no país, sendo bom ou ruim, o resultado é um desastre que virou meme e rendeu diversas teorias da conspiração sobre a letra bizarra “cantada” por Duda. Ih Bolsonaro, já pensou se a moda pega por aqui? Detalhe: a música só entrou na lista pois foi lançada no Spotify (não sei de quem foi essa ideia incrível, mas parabéns).

1.“Yummy” — Justin Bieber

Em dúvida sobre qual versão colocar (pasmem, a música tem um remix country tão terrível quanto), deixamos aqui a original mesmo. “Yummy” é a preguiça em forma de música, mas é daquelas pobrezas criativas muito bem calculadas, já que foi feita para ser trilha dos vídeos no Tik Tok e ofender o menor número de pessoas que curtem um som próximo ao trap. Até a teoria da conspiração do Pizzagate, que é exaustivamente lembrada nos comentários do videoclipe da música, parece ser uma forma de fazer com que ela se torne algo mais substancial do que realmente é.

Se entregar estas migalhas não foi o suficiente para garantir o sucesso imaginado pelo cantor, não há problema algum. Justin pediu aos fãs que deixassem a música dele tocando enquanto dormiam para acumular streams suficientes para alçá-lo ao #1 na parada musical da Billboard. Aos fãs de fora dos Estados Unidos, ele recomendou a utilização de VPN, método ilegal, já que só o consumo musical estadunidense vale para a parada musical. Felizmente, a música não conseguiu o sonhado número #1 e isto representou uma importante derrota ao pop caça-níquel dos tempos atuais (como deve ser sempre).

Aos corajosos: playlist no Spotify!

Sobre o autor

Matheus Rodrigues

Jornalista formado em 2023 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Apaixonado por música, culturas diferentes, futebol e Coca Zero. Obcecado por Eurovision e pop do leste europeu. Torcedor do imenso Sport Club Internacional.
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3 thoughts on “As 20 piores músicas de 2020

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